11/05/2009

A EPIDEMIA DA QUAL NÃO SE FALA

Sem repercussão na mídia, a África Ocidental enfrenta há meses um dos piores surtos de meningite de sua história, com 1.900 mortos e mais de 56.000 casos declarados.

Enquanto a comunidade internacional anda preocupada com as consequencias do vírus H1N1 que matou 44 pessoas e infectou mais de 1.000 em vinte países, a África Ocidental sofre literalmente uma epidemia, que se pode previnir com facilidade, mas que esta matando milhares de africanos.

Não tem um problema de nomenclatura, nem desencadea hostilidades internacionais. Mesmo assim tem causado alertas sanitários no mundo. No entanto, desde os primeiros meses deste ano um grande epidemia de meningite (infecção que afeta as membranas que envolvem o sistema nervoso central) se extendeu por vários países da África. Para combate-la, os Médicos sem Fronteiras (MSF), com a colaboração de diversos Governos, tem posto em marcha uma das maiores campanhas de vacinação da história.

"Sempre há um risco epidemico nesta parte da África, mas este ano a infecção está muito agressiva. Desde 1996 não se havia visto uma tão forte na Nigéria, e se pode dizer o mesno do Niger e Chad", conta Miriam Alia, enfermeira dos MSF que esteve trabalhando nas últimas semanas em nove Estados do norte nigeriano.

O contágio atual é um dos mais graves das últimas décadas. Os ministérios de Saúde do Níger, Nigeria e Chad estão superados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) esta alertando para o seu grau de letalidade. As cifras não são nenhum chuvisco. Hoje são mais de 1.900 mortos pela infecção. Enquanto que com 56.000 casos declarados, o surto se extende por três países, com alto risco de saltar aos demais vizinhos.

Desdobramento histórico

Os Governos locais e MSF tentam pará-lo e estão se molibizando com o maior desdobramento da história na região. Trabalhadores voluntários cooperam em distintas áreas e num ritmo vertiginoso. "Sem tratamento a metade dos infectados morre", alerta a enfermeira dos MSF. Pouco mais de dez anos atrás o pior flagelo de meningite que se recorda no contimente africano acabou com a vida de mais de 25.000 pessoas.

O alerta reside principalmente na falta de acesso as vacinas contra a enfermidade. A Nigéria obriga seus cidadãos a pagar pelo medicamenteo e a maioria dos infectados não tem condições financeiras para tal. E assim como a Nigéria, outros países vizinhos o fazem. Vacinar uma pessoa contra a meningite na África custa aproximadamente um euro. A ong tem chegado a cordo com as autoridades locais para oferecê-las gratuitamente.

"Com a vacina se evita que a pessoa adoeça de meningite, mas não se evita a trasmissão", recorda Olimpia de la Rosa, responsável técnica pelas emergências para MSF. De la Rosa explica que a atual vacina oferece imunidade só por três anos, mas que a partir de 2010 se poderá utilizar uma nova que se alargará por 10 anos. Mas até lá, este 2009 está desimando com uma das partes mais pobres da África.

"Este ano a transmissão foi muito rápida, chegando aos campos de refugiados de Darfur", afirma a responsavél técnica do MSF. A transmissão deste tipo de meningite bacteriana (meningocócica de tipo A) se reproduz de pessoa a pessoa pelo nariz e pela boca. E o ar seco, o pó e o vento irritam a garganta e portanto, explica De la Rosa, esta não atua como barreira. As condições de vida pouco saudáveis aumento o risco de tramissão e infecção.

Para limitar a propagação da epidemia, 270 grupos de MSF trabalham neste projeto de vacinação massiva. Os especialistas calculam que mais de sete milhões de pessoas tenham que recer urgentemente a injeção, aos menos nestes três países, que estão localizados no que vem sendo chamado "Cinturão da Meningite", uma área geográfica que abrange do Senegal até a Etiópia, e que circuscreve uma população de mais de 300 millões de pessoas.

Cada dia, cada uma das 270 equipes médicas chegam a vacinar uns 1.500 homens e mulheres com idades compreendidas entre dos 2 e 30 anos, a populaçã de maior risco. "Trabalhamos em centros sanitários, escolas, em casas particulares, inclusive em lugares religiosos (xamãs), em praças, em baixo de árvores". É um trabalho simples, mas essencial. É a única forma de deter a epidemia ali onde pouco se sabe o que vem acontecendo no México. A África só registrou um caso suspeito da gripe A, na cidade de Ceuta.

Aqui as preocupações são outras: são contra o relógio e sem descanso, para evitar que a conhecida meningite siga destruindo milhares de vidas.

Texto de Fernando Navarro para El País

Tradução e grifos Graziele Saraiva

- E COMO SEMPRE AS CRIANÇAS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS -

Links:

El País http://www.elpais.com/articulo/internacional/epidemia/habla/elpepuint/20090507elpepuint_3/Tes

Fotogaleria http://www.elpais.com/fotogaleria/Epidemia/meningitis/oeste/Africa/6448-1/elpgal/

Médicos Sem Fronteiras http://www.msf.org.br/noticia/msfNoticiasMostrar.asp?id=1026

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