A Folha saúda a ditadura!
Publicado por Ceso Marcondes na Carta Capital 26/02
Já se passaram nove dias do editorial da Folha de S.Paulo que criou o termo “ditabranda” para caracterizar a ditadura militar que aterrorizou o País a partir de 1964. Mas a polêmica não morreu, apesar do Carnaval. Hoje mesmo, dia 26, os respeitabilíssimos professores Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides se insurgem na seção de cartas dos leitores do jornal. Ambos protestaram dia 20 passado no mesmo espaço diante da “criação” do editor do jornal. Agora, repudiam a resposta que obtiveram da Redação.
Para quem não viu, a Folha lhes respondeu simplesmente o seguinte: “Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua "indignação" é obviamente cínica e mentirosa”.
Ou seja, o caldo entornou de vez. Se no Editorial do dia 17, o “ditabranda” apareceu de passagem, só “uma lembrança”, em um texto que criticava o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, naquela Nota da Redação, não só o jornal reiterou sua criação, como destratou duas das figuras mais respeitadas da universidade brasileira. São eles cínicos e mentirosos em sua indignação, disse a Folha, extrapolando todos os limites da boa conduta jornalística descritos em seu Manual de Redação.
Tão absurda quanta, foi a “exigência” do jornal: ficamos sabendo que passa a ser obrigatório condenar o regime cubano para ser autorizado a condenar o brasileiro daquela época. Vindo de quem apoiou abertamente o golpe de 64, dá para entender a “exigência”. O jornal já recebeu a contestação de muita gente, entre elas, de pelo menos três jornalistas da própria Folha: do ombudsman Carlos Eduardo Lins e Silva, de Fernando de Barros e Silva e Juca Kfouri. Agora, ganha audiência na internet o abaixo-assinado aqui reproduzido.
O leitor de CartaCapital pode deixar seu comentário neste espaço ou se manifestar através da petição online.“REPUDIO E SOLIDARIEDADE Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repúdio a arbitraria e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar “ditabranda” o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiros que lutaram pela redemocratização dos país.
Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história política brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo “ditabranda” e, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pos-1964. Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota da Redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta as cartas enviadas a Painel do Leitor pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato.
Sem razões ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis a atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal. Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.”
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A esta altura do campeonato, um dos jornais mais
respeitados do país,definir como "branda" a ditadura,
que mais do que sequelas deixou em nossa sociedade,
respeitados do país,definir como "branda" a ditadura,
que mais do que sequelas deixou em nossa sociedade,
é acima de tudo irresponsável do ponto de vista jornalístico.
O períodico que além de "apoiar" as ações dos militares,
"dissimulava" informaçõese ainda por cima "emprestava"
suas peruas para transporte dos presos políticos
"dissimulava" informaçõese ainda por cima "emprestava"
suas peruas para transporte dos presos políticos
até o DOI-COD, no mínimo, deveria pesar suas
manifestações políticas, nesta esfera, nos dias de hoje.
manifestações políticas, nesta esfera, nos dias de hoje.
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Trata-se de um desrespeito as vítimas,
aos seus familiares
aos seus familiares
e a história do nosso país!
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Matar, separar, torturar, desaparecer...
é um ato "brando"
...aonde?
...aonde?
e desde de quando?
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Para que não esqueças,
para que nunca mais aconteça:
para que nunca mais aconteça:
Carta Capital é tudo de bom, pena que é um pouco cara....(mas tb né, os jornais independentes não tem apoio de ninguém prá fazer um bom jornalismo). Tá explicado o preço.
ResponderExcluirQuanto a Folha....é uma segunda GLOBO só que impressa. Sempre foi assim.
É uma pena que a maioria das pessoas leia este tipo de artigo sem filtrar nada, sem saber destinguir a matéria prá VENDER JORNAL do JORNALISMO SÉRIO.
Às vezes dá vergonha da classe dos comunicadores...Quanta falta de ética!
Valeu Grazi!