O Sudão era o maior país em extensão do continente africano, onde a geografia foi desenhada sob fronteiras artificiais impostas pelo período de colonização européia, cujos recortes no mapa obedeceram a regras econômicas, considerando prêmios de guerra e ignorando a história e organização tribal dos povos que ali viviam. Forçando migrações, formando campos de refugiados, gerando guerras civis, sangrando ainda mais a África.
Sudão do Sul declarou sua independência no último sábado, se tornando o Estado membro número 193 da Organização das Nações Unidas, na qual ingressará ainda nesta semana.
O novo país africano tem recursos naturais abundantes, petróleo e uma enorme diversidade cultural, mas sofre com a corrupção e mais de meio século de inúmeros conflitos étnicos.
Após comemorar a independência, o Sudão do Sul terá de resolver a questão da fonteira com o norte |
O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe.
Nesta sexta-feira, o governo do presidente sudanês, Omar Bashir*, reconheceu formalmente a independência da parte sul de seu país. Ele estará em Juba, no sábado para a festa, assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que será recepcionado pelo presidente interino do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit.
Apesar de possuir grandes reservas de petróleo (controladas em sua maioria por multinacionais chinesas, com sede no norte), o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as mulheres.
Embora não haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre 7,5 e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do continente, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.
Para uma visão mais aprofundada,
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assista o Sem Fronteiras da Globo News:
*O presidente do Sudão, al-Bashir, é um dos piores assassinos em massa do mundo. Denunciado pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio, durante 20 anos ele tem massacrado repetidamente comunidades inteiras que enfrentaram seu governo.
Dentre elas,
DARFUR - OESTE DO SUDÃO
Um dos maiores campos de refugiados do mundo, conta hoje com aproximadamente 80 mil pessoas. Os campos de refugiados sudaneses se multiplicaram dentro e fora do Sudão desde o início da violência em Darfur no oeste do país. Em função dos conflitos, tornou-se cada vez mais comum encontrar sudaneses refugiados no norte e no sul do país, bem como nos países vizinhos como Chade, Uganda, Quênia e Egito.
Calcula-se que mais de 2 milhões de pessoas tiveram que abandonar suas casas assumindo a condição de refugiadas desde o início do genocídio em 2003. Trata-se de uma multidão que caminha sem direção e que na luta pela sobrevivência teve que de uma hora para outra abandonar sua terra e tudo mais que possuía: casa, bens, animais e familiares.
Campo de refugiados de Darfur no Chade |
O governo dos Estados Unidos também o considera genocídio, embora as Nações Unidas ainda não o tenham feito, pois a China, grande parceira comercial do governo sudanês, defende o país em todos os fóruns internacionais que abordam o tema. Algumas propostas de intervenção militar internacional realizadas na ONU não foram aprovadas por veto deste país.
Observação: O presidente al-Bashir hoje foi recebido com honras de chefe de Estado na China.
Fontes: Globo News, BBC Brasil e Avaaz.org
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