11/07/2011

Sudão do Sul é o país mais novo e mais pobre do planeta

O Sudão era o maior país em extensão do continente africano, onde a geografia foi  desenhada sob fronteiras artificiais impostas pelo período de colonização européia, cujos recortes no mapa obedeceram a regras econômicas, considerando prêmios de guerra e ignorando a história e organização tribal dos povos que ali viviam. Forçando migrações, formando campos de refugiados, gerando guerras civis, sangrando ainda mais a África.

Sudão do Sul declarou sua independência no último sábado, se tornando o Estado membro número 193 da Organização das Nações Unidas, na qual ingressará ainda nesta semana.

O novo país africano tem recursos naturais abundantes, petróleo e uma enorme diversidade cultural, mas sofre com a corrupção e mais de meio século de inúmeros conflitos étnicos.

Após comemorar a independência, o Sudão do Sul terá de resolver a questão da fonteira com o norte
 
O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe.

Nesta sexta-feira, o governo do presidente sudanês, Omar Bashir*, reconheceu formalmente a independência da parte sul de seu país. Ele estará em Juba, no sábado para a festa, assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que será recepcionado pelo presidente interino do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit.


As grandes diferenças que dividem o Sudão são visíveis até do espaço, como mostra essa imagem de satélite da Nasa. Os Estados do Norte são uma área desértica, interrompida apenas pelo fértil vale do Nilo. O Sul do Sudão é coberto por vastas áreas verdes, pântanos e florestas tropicais.
 
Apesar de possuir grandes reservas de petróleo (controladas em sua maioria por multinacionais chinesas, com sede no norte), o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as mulheres.

O Sudão exporta bilhões de dólares em petróleo por ano. Os Estados do sul produzem mais de 80% do total, mas recebem apenas 50% das divisas, o que exacerba as tensões com o norte. A região fronteiriça de Abyei, rica em petróleo, realizará um referendo sobre se deve juntar-se ao norte ou ao sul.

Embora não haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre 7,5 e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do continente, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.


Para uma visão mais aprofundada,
com a opinião de especialistas, 
assista o Sem Fronteiras da Globo News:

 


*O presidente do Sudão, al-Bashir, é um dos piores assassinos em massa do mundo. Denunciado pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio, durante 20 anos ele tem massacrado repetidamente comunidades inteiras que enfrentaram seu governo.



Dentre elas,
DARFUR - OESTE DO SUDÃO


Um dos maiores campos de refugiados do mundo, conta hoje com aproximadamente 80 mil pessoas. Os campos de refugiados sudaneses se multiplicaram dentro e fora do Sudão desde o início da violência em Darfur no oeste do país. Em função dos conflitos, tornou-se cada vez mais comum encontrar sudaneses refugiados no norte e no sul do país, bem como nos países vizinhos como Chade, Uganda, Quênia e Egito.


Calcula-se que mais de 2 milhões de pessoas tiveram que abandonar suas casas assumindo a condição de refugiadas desde o início do genocídio em 2003. Trata-se de uma multidão que caminha sem direção e que na luta pela sobrevivência teve que de uma hora para outra abandonar sua terra e tudo mais que possuía: casa, bens, animais e familiares.
Campo de refugiados de Darfur no Chade
O conflito iniciado em 2003, entre tribos nômadas árabes e não árabes, ficou mundialmente conhecido como GENOCÍDIO DE DARFUR, onde estima-se que morreram mais de 400 mil pessoas.


O governo dos Estados Unidos também o considera genocídio, embora as Nações Unidas ainda não o tenham feito, pois a China, grande parceira comercial do governo sudanês, defende o país em todos os fóruns internacionais que abordam o tema. Algumas propostas de intervenção militar internacional realizadas na ONU não foram aprovadas por veto deste país.


Observação: O presidente al-Bashir hoje foi recebido com honras de chefe de Estado na China.
 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails