21/01/2010

COISAS A LEMBRAR ENQUANTO SE AJUDA O HAITI


Não perdem tempo aqueles se aproveitam da desgraça alheia. A heritage Foundation dos EUA, após o terramoto do Haiti,
veio a público com uma série de conselhos dirigidos ao governo de Washington num artigo intitulado "Coisas a lembrar enquanto se ajuda o Haiti".

Todo o artigo é uma pérola, mas destaco um parágrafo que é esclarecedor da forma como esta gente encara o "resto do mundo":
"Para além de fornecer assistência humanitária imediata,a resposta dos EUA ao trágico terramoto no Haiti oferece oportuni-dades para reformar o governo e a economia como também melhorar ainda mais a imagem pública dos Estados Unidos na Região."

Isto é, pensam primeiro em como fazer avançar o império em vez da forma de ajudar os haitianos. Fiéis a si próprios...
Depois de o artigo ser veemente contestado substituíram este parágrafo por outro que supostamente seria mais soft: "Os EUA devem implementar um esforço forte e vigoroso na diplomacia pública para combater a propaganda negativa que emana do campo Castro-Chavez."

Tal esforço também demonstrará que o envolvimento dos EUA no Caribe continua sendo uma força poderosa nas Américas e em todo o globo."
Seria caso para dizer cada cavadela, cada minhoca, mas não, é o "instinto" a falar mais alto e suficientemente revelador...

Com gente como esta não me admiraria nada que a ajuda fosse militarizada e assistíssemos aos militares a apontar indiscrimina-damente as armas esquecendo-se que os haitianos esgotados e esfomeados não são o inimigo e como tal não devem ser tratados como criminosos.


Ótimos textos sobre o "outro lado da tragédia" no Haiti,
no Blog Português http://salvoconduto.blogs.sapo.pt/



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Cronologia das Ações Estadunidenses no Haiti,
Pelo
Editorial - jornal Hora do Povo: http://www.horadopovo.com.br/

  • 1911 - depois do Citibank adquirir o Banco Nacional do Haiti - que também cumpria o papel de Tesouro - os EUA passaram a considerar o país uma colônia de segunda classe.

  • 1916 - invadiram e ocuparam militarmente a nação para proteger os interesses do Citi e da Haitian American Sugar Co, ameaçados por uma rebelião popular.

  • Só saíram em 1934 por determinação do presidente Roosevelt, que nutria pouca simpatia pelas corporações monopolistas e seus interesses imperiais.

  • Voltaram alguns anos mais tarde, na década de 1950, dando integral apoio - salvo nos dois breves anos do governo Kennedy - a Duvalier, depois que este virou a casaca e implantou uma feroz ditadura que durou até 1986.

  • Em 1994, no auge da onda neoliberal, Washington apoiou Aristide para impor-lhe aqueles famosos “planos de ajuste” do FMI, que reservavam ao Haiti o papel de importador até de alimentos dos EUA em troca da implantação de unidades secundárias de produção de corporações como a Disney e a Levi’s.

  • O país, com 70% da população nas zonas rurais, perdeu a produção de arroz, teve desorganizada sua produção de açúcar, foi ocupado por ONGs e o comércio exterior ficou à mercê dos EUA, para onde são destinadas 72% das exportações.

  • Quando Aristide ensaiou resistir ao massacre, Bush financiou e armou bandos opositores para depor o presidente. Em seguida enviou os marines, que o prenderam em casa, em março de 2004, apesar dele haver sido eleito para o segundo mandato com 92% dos votos.

  • A ação da diplomacia brasileira, conjugada com a francesa e da maioria das nações do mundo, impedia que essa nova invasão se consolidasse, tendo sido criada uma força de paz da ONU comandada pelo Brasil com a missão de pacificar o país.

  • Isolados, os EUA tiveram que se retirar três meses depois, mas não engoliram a derrota.

  • Agora, aproveitando-se do caos provocado pelo trágico terremoto, o Pentágono força a entrada de 10 mil soldados - dois mil a mais do que toda a força de paz da ONU reunida, constituída por 36 países.

  • A situação é delicada, porque Obama gastou todo o gás na campanha e no governo, desde o discurso de posse, tem sido um maria-vai-com-as-outras.

  • Mas, com paciência, nós vamos mandar a canalha de volta para casa outra vez e ajudar o bravo povo do Haiti a se livrar desse encosto para que possa reconstruir o mais breve possível o seu Estado nacional.

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