03/02/2009

A Revolução Islâmica




Há exatos 30 anos o Irã
realizava a sua ruptura
com o Ocidente,
sacudindo o Tabuleiro Mundial.



A partir de então, passaram a se configurar como a grande
pedra no sapato dos estadunidenses.

Hoje, o Irã tem uma representatividade
e influência muito grandes no mundo árabe,
e para o ocidente são,
não só uma ameaça geopolítica,
mas nuclear e terrorista.





Do ponto de vista geopolítico, estão localizados no epicentro dos maiores conflitos da contemporaniedade, fazem fronteira com o Iraque, com o Afeganistão, com o Paquistão e muito próximos dos territórios palestinos ocupados por Israel - seu principal inimigo ao lado dos EUA.


A Revolução Islâmica proclamada em 1979 com o retorno do aiatolá Khomeini do exílio de 15 anos, decretou o fim do regime monárquico marcado pela corrupção e nepotismo, liderado pelo último Xá da Pérsia, Reza Pahlevi - monarca pró-ocidente, que estava abrindo a sociedade iraniana aos valores ocidentais, na mesma proporção em que aumentava a opressão do regime político. Manisfestações populares e crise econômica ligadas aos altos e baixos do preço do petróleo no mercado mundial, ajudaram a enfraquecer o regime dos Xás.

O crescimento da rivalidade islâmica que se opôs a ocidentalização do Irã, via em Khomeini, clérigo xiita, o promotor da Revolução e sobre os gritos de "somos todos seus soldados" milhares de militantes islâmicos partidários ao regime dos aiatolás o saudaram no aeroporto internacional de Teerã, quando do seu regresso em fevereiro de 1979. Desde então, todos os anos, escolas, meios de transporte e repartições públicas tocam seus sinos e buzinas às 09h33 locais, horário em que pousou o avião da Airfrance no qual ele retornava há 30 anos.

Tinha início a Revolução Islâmica com o objetivo maior de resgate as tradições religiosas muçulmanas que estavam sendo corrompidas pelos costumes ocidentais, sendo banidos do país vestimentas como a mini-saia, maquiagens, música, jogos, cinema, reintroduzidos os castigos corporais para quem violasse os preceitos da sharia (adultério, consumo de álcool...), perseguição e assassinatos dos opositores do novo regime - fossem eles religiosos (judeus por exemplo), políticos (marxistas), prostitutas, homossexuais... Em suma, perseguição política, uma maior opressão as mulheres e o corte de relações com EUA.


A Revolução Islâmica do Irã começou como um movimento
popular pela democratização e terminou
com a criação do primeiro Estado islâmico.
O episódio transformou completamente a estrutura social do país
e foi um dos momentos que marcaram o século 20.


Khomeini foi escolhido como perpétuo líder supremo político e religioso do Irã, é reverenciado em todo o país e em grande parte do mundo muçulmano ainda hoje.

Três décadas após, o Irã tem um presidente laico e ultra-conservador, Mahmoud Ahmadinejad, personalidade marcante que defende um projeto nuclear audacioso, mantém um exército bem estruturado e propaga discursos nacionalistas e radicais, ao mesmo tempo em que estreita as relações diplomáticas de seu país com os principais países definidos como "eixo do mal" pelo governo do ex-presidente norte-americano George W. Bush, como Coreia do Norte, Cuba e Líbia por exemplo, sem falar na Venezuela, o atual calcanhar de aquiles na América Latina.


Podemos dizer que mais do que nunca, a Revolução Islâmica atravessa um momento histórico crucial, didivida entre os apoiadores e os que contestam o regime, defendendo que hoje as reinvindicações são diferentes das dos anos idos, querendo olhar para o futuro de forma mais livre, o que não deixa de ter relação com o Ocidente.

O presidente Barack Obama já declarou sua intenção em rever as relações com o Irã, as quais foram desfeitas em 1980 quando mais de 50 americanos, funcionários da embaixada do país em Teerã foram sequestrados e mantidos em cárcere por quase 500 dias.

O futuro dos iranianos é uma incógnita, o referido diálogo EUA - IRÃ é possível de acontecer nos próximos meses, mas não podemos esperar que deste, venhamos a ter de pronto, um novo posicionamento político na região, assim como no grande tabuleiro das relações internacionais, dado o imenso oceano que separam estes dois mundos, diferentes até no calendário - uma vez que nós ocidentais utilizamos o solar e os persas, de acordo com seu almanaque, o lunar.

Graziele Saraiva

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