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31/03/2013
A Ditadura e o nosso Fado Tropical
Oh, musa do meu fado Oh, minha mãe gentil Te deixo consternado No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis*, é claro) Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do alentejo De quem numa bravata Arrebata um beijo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto De tal maneira que, depois de feito Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito É que há distância entre intenção e gesto E se o meu coração nas mãos estreito Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadora à proa Mas meu peito se desabotoa E SE A SENTENÇA SE ANUNCIA BRUTA MAIS QUE DEPRESSA A MÃO CEGA EXECUTA Pois que senão o coração perdoa"
Guitarras e sanfonas Jasmins, coqueiros, fontes Sardinhas, mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre trás-os-montes E numa pororoca Deságua no Tejo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um império colonial Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um império colonial *trecho censurado pelos militares
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