18/03/2012

Política em Quadrinhos



A via-crúcis de uma mãe e de um dos filhos na busca pelo outro, desaparecido em Teerã após os protestos de junho de 2009 ­­­­— devido ao resultado das eleições que mantiveram Mahmoud Ahmadinejad no poder —, é o tema do livro “O paraíso de Zahra”, recém-lançado pela editora Leya. 


Atribuído aos autores Amir e Khalil, respectivamente roteirista e ilustrador, que preferiram não divulgar seus verdadeiros nomes com medo de represálias dos aiatolás, o álbum nasceu na internet, como um diário em quadrinhos em que o jovem blogueiro e narrador da história procura, acompanhado da mãe, descobrir o paradeiro do irmão Mehdi. No caminho, eles esbarram com burocratas do governo, sobreviventes da oposição e com o perigo da repressão. 


PYONGYANG. Desde que o ex-presidente George W. Bush usou, em 2002, o termo Eixo do Mal para se referir aos três países que representavam uma grave ameaça ao mundo e aos EUA, pouco mudou no Irã, na Síria ou na Coreia do Norte. No Brasil, Dilma esfriou a relação com Mahmoud Ahmadinejad. E, na Síria do presidente Bashar al-Assad, a situação é grave, com milhares de mortos. Enquanto isso, na Coreia do Norte, mesmo após a morte do líder Kim Jong-il, continua-se sem saber muito sobre o país. Mas é possível descobrir um pouco através do álbum “Pyongyang” (Zarabatana Books), do canadense Guy Delisle. A partir de uma viagem de trabalho à capital do país, sempre escoltado por um guia e um tradutor do governo, o desenhista relata, em tom irônico e crítico, a situação de desconforto em que se encontra.



Virou Filme!
PERSÉPOLIS. “O paraíso de Zahra” não é o primeiro livro a contar, em quadrinhos, uma história acontecida no Irã. Em 2004, a Companhia das Letras publicou no Brasil o imperdível “Persépolis”, autobiografia de Marjane Satrapi em que ela narra os dilemas de uma jovem no rígido regime dos aiatolás. Três anos depois, em parceria com Vincent Paronnaud, a autora de 42 anos transformaria sua HQ em um longa-metragem de animação que, além de ser premiado no Festival de Cannes, foi indicado ao Oscar. Marjane chegou a publicar mais dois títulos em quadrinhos, “Frango com ameixas” e “Bordados”, sempre na mesma linha reveladora e irônica do elogiadíssimo álbum de estreia, mas sem a mesma força narrativa.

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