11/05/2011

Slavoj Zizek está na moda?!?

Por onde passa arrebata multidões, 
já virou nome de discoteca em Buenos Aires, 
e o frizzon em torno de sua presença não vai ser diferente 
em sua passagem aqui pelo Brasil (SP e RJ), 
maiores informações no link abaixo. 

Seminário Internacional
Uma política do sensível

Lançamento dos Livros de Slavoj Žižek
Em Defesa das Causas Perdidas
Primeiro como Tragédia, Segundo como Farsa
(Boitempo Editorial)


Reproduzo nas próximas linhas uma espécie de "resumo" de Slavoj Zizek – algumas ideias do seu pensamento político e filosófico, originalmente puvlicado pelo Blog portugês Pimenta Negra



Slavoj Zizek é hoje em dia uma vedeta do pensamento crítico contemporâneo. De Buenos Aires a Paris, passando por New York, New Delhi ou Ljubljana (a cidade onde nas céu), as multidões correm a assistir às suas conferências. Esta atracção deve-se em parte ao estilo do filósofo esloveno. Que mistura referências absconsas de Schelling ou Lacan a exemplos retirados da cultura popular – cinema de Hollywood, romance negro ou ficção científica, blagues – tudo isso recheado com citações semi-provocadoras de Stalin e Mão. Esta estratégia intelectual visa a escurecer as fronteiras entre a cultura «legítima» e a cultura «popular». Zizek é o objecto ou protagonista de vários documentários, um dos quais é o notável Pervert’s Guide to Cinema (2006), no qual ele apresenta as suas análises parodiando cenas clássicas da história do cinema. Uma discoteca de Buenos Aires já tem o seu nome. 


Assista ao trailler oficial:


Slavoj Zizek – breve resumo do seu pensamento

S. Zizek é um filósofo muito cosmopolita. Realizou uma parte dos seus estudos em França na Universidade de Paris-VIII, sob a direcção de Jacques-Alain Miller (o genro e o legatário intelectual de Lacan), com o qual também fez psicanálise. Escreve e publica em inglês. E é dos poucos pensadores actuais que veio da Europa do Leste.


Um aspecto determinante do pensamento de Zizek é a sua defesa do cogito cartesiano. The Ticklish Subject é uma das suas mais importantes obras, subintitulada «O centro ausente da ontologia política» começa com a seguinte declaração: « Um espectro paira sobre a universidade ocidental… o espectro do sujeito cartesiano.» O filósofo assimila a questão do «sujeito» ao espectro do comunismo que abre o Manifesto Comunista de Marx e Engels. Isto significa que se trata de um ponto importante …


Sabe-se que Descartes formulou um célebre enunciado filosófico ao dizer « Cogito, ergo sum » (Penso, logo existo). A ideia de um sujeito soberano, transparente a si próprio e racional é um dos fundamentos da modernidade. Ela encontra-se não somente no coração do projecto da Luzes, mas está subentendida igualmente num grande número de movimentos emancipatórios do séc. XIX, entre os quais o liberalismo, o marxismo e o anarquismo. Nunca faltaram críticos a esta concepção do sujeito, quer viessem do interior da tradição filosófica (Nietzsche por ex.) quer correntes como o feminismo que denunciou desde muito cedo o carácter de género do cogito.


O Iluminismo e a teoria do sujeito que o acompanha foram novamente questionadas depois da II Guerra Mundial. As atrocidades cometidas então serviram para a modernidade reflectir-se nela própria. Os representantes da Escola de Francfort – Adorno et Horkheimer – consideraram as câmaras de gás como a expressão última da racionalidade instrumental moderna. Depois de ter servido para a emancipação, a razão ter-se-á voltado contra ela própria, e tornou-se ela própria em cúmplice dos piores crimes contra a humanidade. O estruturalismo e pós-estruturalismo, ainda que não tematizam, ou pouco, a barbárie moderna, desenvolvem ainda assim uma crítica do humanismo. O anti-humanismo teórico de Althusser ou a « morte do homem » profetizada por Foucault ai estão para o demonstrar. A perspectiva pós-estruturalista que domina a «universidade ocidental», para retomar a expressão de Zizek, considera o sujeito como uma entidade descentrada. Segundo esta visão existe uma multiplicidade irredutível de posições subjectivas, mas nenhum centro unificador.O cogito ter-se-á literalmente desintegrado. A descoberta do inconsciente por Freud e a importância conferida à linguagem na filosofia na segunda metade do séc. XX consolidaram esta tendência. Para retomar uma fórmula de Jacques Derrida o sujeito passou a ser entendido como uma «função da linguagem».

S. Zizek opõe-se à desintegração do sujeito. Isto não o leva a preconizar um regresso puro e simples ao humanismo moderno, sob a forma cartesiana ou outra .S. Zizek prefere dar um tratamento lacaniano ao cogito . Aliás, todas as coisas são interpretadas à luz das categorias propostas por Lacan. Para S. Zizek, o sujeito não é uma substância , nem sequer pensante como dizia Descartes . Não é uma entidade real, mas antes um «vazio», feito de pura «negatividade». O sujeito aparece na interface do «Real» e do «Simbólico». Estes dois conceitos de Zizek, emprestados de Lacan, são cruciais à sua abordagem. O real é incognoscível para nós: ele designa o mundo antes de toda a categorização ou classificação, isto é, é pré-linguagem. O Simbólico é, para ele, a instância do ordenamento do Real. Quando se fala vulgarmente da «realidade» é do Simbólico que falamos, uma vez que o Real não nos é acessível. O Simbólico representa a «morte da coisa» diz Lacan, no sentido em que aboliu a coisa enquanto coisa tornando-se inteligível( deixando assim de ser uma coisa saída do Real). O Real nunca se deixa simbolizar completamente, há sempre qualquer coisa que resiste.


O que a psicanálise chama de «traumatismo» designa os casos de intrusão ou do ressurgimento brutal do real na ordem do Simbólico. Uma tal intrusão é sempre possível e é susceptível de perturbar o Simbólico. O Simbólico, deste ponto de vista, não é forçosamente aberto. Persiste no tempo, mas sob a condição do ressurgimento de um Real conflitual.


O sujeito forma-se segundo Zizek na distância que separa o Real do Simbólico. Esta distância supõe que o Simbólico difere do Real, o que permite o aparecimento da subjectividade . Se o Real e o Simbólico fossem idênticos, ou se o Simbólico estivesse fechado sobre si mesmo, nenhuma posição subjectiva seria concebível. Segundo Zizek,o sujeiro é um «mediador evanescente» (vanishing mediator). Este conceito foi repescado pelo filósofo a Fredric Jameson. Neste último, ele designa todo o fenómeno que permite o aparecimento de um outro fenómeno, e que desaparece depois de ter realizado aquela tarefa. Jameson usa este conceito na sua interpretação da tese de Max Weber sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo. Para Weber (relido por Jameson), o protestantismo constitui a condições da emergência do capitalismo. Todavia, uma vez nascido, este acelera o desaparecimento do protestantismo, já que o capitalismo favorece o processo de secularização. O protestantismo seria pois um «mediador evanescente» para o capitalismo.


Para S. Zizek, o sujeito tem uma estrutura análoga. Na medida em que é incognoscível, o Real é experimentado como «perda» pelo sujeito. Face a este nada, e a fim de não cair na loucura, o sujeito constrói o Simbólico. Por isso, ele exterioriza-se numa linguagem, sendo a «palavra» a instância pela qual a simbolização é desencadeada:

« […] Ao pronunciar uma palavra, o sujeito empurra o seu ser para fora de si; ele coagula o nó do seu ser (the core of his being) num signo exterior. Através de um signo(verbal) eu encontro-me fora de mim mesmo, eu coloco a minha unidade fora de mim mesmo, num significante que me representa.» Ao exteriorizar-se o sujeito cria o objecto (o Simbólico) mas acaba por isso mesmo de se encontra frente a ele próprio, uma vez que se exteriorizou-se. A separação entre sujeito e objecto é pois abolida, e as duas instâncias são inextrincavelmente misturadas. Isto implica, entre outras coisas, que o lugar do sujeito permanece vazio. Por esse facto, ele poderá sucessiva ou simultaneamente ser ocupado ou reivindicado pelos mais diversos sujeitos. Tal como J. Rancière, S. Zizek considera que o sujeito não é um colectivo concreto, realmente existente. Ele é antes a condição para que individualidades ou colectivos concretos se possam formar. Mas, para isso, o seu lugar deve ficar formalmente vazio.


Um corolário da teoria do sujeito de Zizek é a sua concepção de ideologia. Classicamente, a ideologia designa a separação existente entre uma realidade e a maneira como os indivíduos a representam, de forma errónea ou «ideológica». Esta deformação pode ser explicada pela posição de classe do indivíduo ou por uma razão, mas que leva, de qualquer modo, a significar uma perspectiva entre outras. A crítica filosófica e política dirige-se a essa distância que separa as duas instâncias. A sua função é de chamar a atenção para as vítimas de uma ideologia sobre o facto das suas representações da realidade serem erróneas. Segundo o filósofo alemão Peter Sloterdijk, que serve aqui de ponto de partida para Zizek, este modelo clássico de ideologia deixou de funcionar nas sociedades pós-modernas. A explicação reside em que, hoje, os indivíduos sabem perfeitamente que o discurso que lhes é servido pelos media e pela classe política é falacioso. Eles não são idiotas, o que significa para Sloterdijk que a nossa época é a de um cinismo generalizado, que sucedeu à era das ideologias. Esse cinismo levanta o problema da eficácia da crítica hoje em dia. Se todo o mundo sabe que a representação dominante da realidade não é «verdadeira» realidade, então será que a crítica ainda tem uma razão de ser?


Segundo Zizek a teoria de ideologia de Sloterdijk é errada, o mesmo se passando como o seu diagnóstico sobre a época em que vivemos. Esta está longe de ser pós-ideológica. É verdade que o cinismo está largamente espalhado. No entanto, é errado pensar que um tal cinismo, apesar de generalizado, bastará para justificar a existência de uma época pós-ideológica. E a explicação é que a ideologia não é uma questão de representação, mas antes de actos e acções.


O conhecido argumento de Pascal permitirá clarificar este ponto. Segundo esse argumento, baseado num cálculo de utilidade, no sentido da economia neoclássica, é sempre vantajoso para o indivíduo acreditar em Deus, porque se Deus existir, o benefício da crença é imenso (paraíso), comparado com o imenso custo da falta de crença (inferno). Por outro lado, pouco importa que se acredite ou não em Deus se ele não existe. Todo o ser razoável deve por consequência acreditar em Deus. O problema é que, bem entendido, a crença não se encomenda. Não se acredita na vontade, o que realmente é necessário é possuir uma verdadeira fé. A resposta de Pascal ao problema é conhecida: «Orai e obedecei, a fé virá de seguida.»


Este argumento é frequentemente interpretado como demonstrativo da influência dos comportamentos de um indivíduo sobre os seus estados mentais. A oração interioriza o seu próprio conteúdo, que se transforma progressivamente, graças à repetição, em crença autêntica. Mas uma outra interpretação é possível segundo Zizek. Para este, o que mostra o argumento de Pascal não é que os nossos comportamentos são susceptíveis de produzir representações no nosso espírito. O que ele realmente mostra é que possuímos frequentemente representações antes mesmo de saber que nós as possuímos. Contrariamente, ao que pensa o indivíduo que se ajoelha para rezar, este já antes de se ajoelhar já acredita em Deus. Quando ele pensa que começa a acreditar, ele mais não faz na realidade do que reconhecer uma crença que já estava presente nele. Pois o que conta não é o estado mental, mas o acto. É por isso que a nossa época continua saturada de ideologias. Ainda que o cinismo reine, os indivíduos continua a comportarem-se como se as ideologias continuassem em vigor.


A teoria dos Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) de Althusser pode ser interpretada à luz deste argumento. Althusser distingue as AIE (Escola, Igreja, Media, Família) dos Aparelhos Repressivos do Estado (policia, exército, prisões). Os AIE têm por função garantir a adesão à ordem existente pela via ideológica «naturalizando» esta ordem aos olhos dos que a sofrem. Ora, para Zizek, os AIE produzem uma adesão ao sistema antes mesmo que o indivíduo se aperceba deles. Trata-se de uma crença anterior. O sintoma que revela a existência desta pré-crença é a actividade do indivíduo, a qual testemunha a sua adesão à ordem existente, que está tão incrustada nele quanto o cinismo nele presente.

S. Zizek reclama-se do marxismo, o que é relativamente raro num intelectual dos países do leste europeu, apesar de ter sido um dissidente no seu país durante a era soviética. Uma consequência deste seu posicionamento é que ele defende a tese da determinação «em última instância» pela economia, que se encontra presente, sob diversas formas, no seu pensamento. Mais precisamente, ele sustenta que a forma de opressão no domínio económico, ou seja, a exploração, tem primazia sobre as outras formas de dominação.


Para além da sua vontade de reabilitar o sujeito cartesiano, esta sua tese leva Zizek a opor-se à doxa em vigor na «universidade ocidental». Note-se que a tese da determinação da superestrutura pela infraestrutura dominou o pensamento crítico durante muito tempo, enquanto o marxismo manteve a hegemonia naquele pensamento. Mas a partir dos anos 1970 a ideia da dominação tornou-se plural, ao ponto de se ter tornado a nova doxa. Vários factores contribuíram para esta evolução. Com efeito, desde então, assistiu-se a uma proliferação das «frentes secundárias» que enfraqueceu a centralidade conferida até então ao confronto entre o capital e o trabalho. Mais a mais, as transformações sociotécnicas profundas, tais como a emergência dos media de massas, colocaram a cultura no coração da vida (pós)moderna. A sociologia de Pierre Bourdieu é típica desta evolução. Bourdieu defende que o mundo social é composto de diferentes «campos » sociais que gozam cada qual de uma «autonomia relativa» em relação uns aos ouros. Isto supõe que existem capitais particulares em cada um deles, e que nenhum deles é determinante que os outros.

Segundo S. Zizek, os pensamentos críticos foram demasiado longe na pluralização das formas de dominação, a tal ponto que se tornaram incapazes de compreender a especificidade do capitalismo enquanto sistema. A dominação é plural. Mas oque confere a particularidade ao capitalismo é que todas as formas de dominação subentendidas por um fenómeno, que lhes dá inclusive uma «coloração», a saber: a acumulação do capital.


Os pensadores críticos contemporâneos reconhecem certamente a existência da exploração económica. Mas eles consideram que se trata de um tipo de opressão entre outras, ao mesmo título que a dominação masculina ou o racismo. Para Zizek esta tese está errada. A exploração não é um tipo de opressão entre outras, mas a lógica de conjunto que subentende todas as outras. É por essa razão que o filósofo se mostra muito crítico para com o «multiculturalismo» envolvente, como testemunha o seu livro Plaidoyer en faveur de l’intolérance

S. Zizek retoma, por seu turno, o argumento marxista da «reificação», desenvolvidos nomeadamente por Lukacs no livro Histoire et conscience de classe (1923). Lukacs escreve : « […] a actividade do homem – numa economia mercantil consumada – objectiva-se em relação a ele,tornando-se numa mercadoria que está submetida à objectividade, estranha aos homens, às leis naturais, e realiza o seu movimento independentemente dos homens, qualquer que seja o bem destinado à satisfação das necessidades, convertidas em coisa mercantil». No capitalismo a actividade humana adquire o estatuto «coisa qualquer», isto é, o estatuto de uma mercadoria. O fetichismo da mercadoria contamina o conjunto das esferas de actividade e das acções humanas. Segundo S. Zizek, a consequência deste facto é liminar: « Luto, em suma, por um regresso ao primado da economia, não em detrimento das questões colocadas pelas formas pós-modernas de politização, mas precisamente a fim de criar as condições de uma mais efectiva realização das exigências feministas, ecologistas, e assim sucessivamente.»


Não se trata de minimizar a importância das lutas feministas, ecologistas ou outras. A tese da determinação «em última instância» é apresentada, por vezes, pelos seus adversários como uma maneira de inferiorizar as outras formas de luta, o que para Zizek é falso. Simplesmente, na medida em que estas formas de opressão se revestem de uma conotação capitalistas, elas não podem estar dissociadas da luta geral contra a reificação. Esta luta constitui o pano de fundo sobre o qual se desenvolvem as outras lutas, razão pela qual é necessário considerá-la como central.

Zizek desenvolve uma crítica feroz das teorias do antipoder que proliferaram nos anos 1990 e 2000. Estas teorias defendem que a tomada de poder do Estado é não somente vã, até porque o poder está disseminado no conjunto do corpo social e não concentrado num ponto, mas ainda porque esse objectivo é portador de catástrofes. Elas retoma à sua maneira a argumentação antitotalitária dos «novos filósofos» que defendem que o estalinismo, longe de ser uma degenerescência, estava já presente nas origens da revolução russa, e até mesmo na revolução francesa.

Para Zizek os teóricos do antipoder teorizam a derrota da luta social por antecipação. Eles interiorizam-na e naturalizam-na a tal ponto que se tornam incapazes de imaginar outra coisa senão «zonas de autonomia temporária» situadas nas margens do do sistema. Daí que Zizek se volte contra a crítica ao centrismo estatal, cuja raiz remonta a Foucault, apelidando-a de «nova esquerda» e convida-a a reexaminar a sua concepção descentrada de poder à luz da concepção do poder e do Estado do marxismo clássico, principalmente, a de Lenine, tanto mais que Marx é reabilitado hoje em dia, depois de ter sido denegrido duarnte os anos de 1980 e 1990.


Para Zizek é para a figura de Lenine que a esquerda radical deve agora voltar-se. Ele escreve: « O que um verdadeiro leninista e um conservador têm em comum é o facto de ambos rejeitarem a irresponsabilidade da esquerda liberal, a qual defende grandes projectos de solidariedade de solidariedde e de liberdade, mas que logo se eclipsa quando se trata de pagar todas essas coisas no momento das decisões políticas concretas, por vezes cruéis.»


E a verdade é que na revolução russa, Lenine teve a coragem de assumir a direcção efectiva do Estado, e longe de se limitar a uma celebração romântica do acontecimento-revolução de Outubro, ele procurou transpor e concretizar as suas convicções numa ordem social e política duradoura. É o que o aproxima da figura de São Paulo que procurou perseverar o acontecimento-Cristo ao longo do tempo através da fundação da Igreja. A esta transposição do acontecimento para uma ordem duradoura, Zizek designa o fenómeno com uma fórmula provocadora - «o bom terror».

Aos seus olhos, qualquer acontecimento autêntico tem algo de característico que é o seu custo.

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