Depois de um ex-tupamaro é agora a vez de ser reeleito um índio, Evo Morales, para a presidência da Bolívia. Sua vitória pode ser considerada esmagadora, uma vez que atingiu 63% dos votos, enfraquecendo ainda mais a já debilitada oposição e conquistando dois terços das cadeiras do senado, o que permitirá ao presidente “aymará” o aprofundamento de seu projeto socialista.
Os aymará têm uma bandeira que os identifica. Se trata da wiphala que com suas sete cores representam as crenças e costumes desta etnia andina que junto a quechua é a mais numerosa da Bolívia, e a que pertence Evo Morales. La wiphala não falta a nenhum dos atos eleitorais em que participa, para não esquecer que se trata do primeiro presidente indígena eleito em um país latino-americano. Durante os três anos em que esteve no poder, Morales tem mostrado sua intenção de integrar os indígenas (que na Bolívia correspondem a metade da população) em uma sociedade que durante séculos os tratou como cidadãos de segunda ordem. No entanto, e a pesar dos indígenas terem conquistado muitos espaços na via pública, a realidade é que algumas da quase 40 etnias que coexistem na Bolívia, agonizam.
Uma vez mais a extrema-direita revanchista vê-se derrotada. Os seus planos secessionistas das terras mais ricas por ora foram derrotados, mas por certo não pararão. Os Bolivianos não podem baixar a guarda. Os "exemplos" mais a norte assim o aconselham.
Uma nota positiva das eleições foi a transparência do processo, avalizada pelos observadores internacionais que cobriram todo o país. A Organização dos Estados Americanos (OEA), com o colombiano Horácio Serpa à frente, qualificou a jornada como "um dia de participação massiva, alegre, pacífica e cívica, o que dá a este processo uma especial legitimidade democrática".
A introdução do censo biométrico que controla os eleitores não só pelo seu documento de identidade mas também pela impressão digital e também pela fotografia era, sem dúvida, um dos detalhes que mais interesse suscitou entre meios de comunicação de todo o mundo.
O chefe da missão de observadores enviada pela União Européia para as eleições gerais da Bolívia, José Antonio de Gabriel, destacou a “completa tranqüilidade” que se viveu durante a jornada de votação na qual praticamente não houve nenhum acidente.
José Antonio de Gabriel também elogiou a Corte Nacional Eleitoral do país andino. Segundo ele, o organismo eleitoral “fez muito bem o seu trabalho”. Na sua opinião, o padrão biométrico estreado este ano na Bolívia “estabelece muitas salvaguardas contra a fraude, já que utiliza fotos e as impressões digitais, de tal forma que é praticamente impossível que uma pessoa possa votar várias vezes”.
Gabriel, que recentemente capitaneou a missão
Muitos são os desafios que acompanharão este segundo mandato com mais poderes, principalmente desenvolver o país e melhorar as condições sociais da segunda população mais pobre da América Latina.
Mas, acreditamos que na Bolívia a revolução ali operada deixou de ser de
Evo Morales e passou a ser do povo boliviano.
O texto acima é uma adaptação minha ao texto de título “Depois do Tupamaro, o Índio” publicado no Blog Português “Salvo Conduto” http://salvoconduto.blogs.sapo.pt/ , com contribuição da cobertura jornalística feita pelos espanhóis do “Periodismo e Direitos Humanos” na Bolívia intitulada “La agonía de los otros indígenas bolivianos”, vide na íntegra em http://www.pmasdh.com/
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