08/12/2009

ELEIÇÕES NA BOLÍVIA

Depois de um ex-tupamaro é agora a vez de ser reeleito um índio, Evo Morales, para a presidência da Bolívia. Sua vitória pode ser considerada esmagadora, uma vez que atingiu 63% dos votos, enfraquecendo ainda mais a já debilitada oposição e conquistando dois terços das cadeiras do senado, o que permitirá ao presidente “aymará” o aprofundamento de seu projeto socialista.

Os aymará têm uma bandeira que os identifica. Se trata da wiphala que com suas sete cores representam as crenças e costumes desta etnia andina que junto a quechua é a mais numerosa da Bolívia, e a que pertence Evo Morales. La wiphala não falta a nenhum dos atos eleitorais em que participa, para não esquecer que se trata do primeiro presidente indígena eleito em um país latino-americano. Durante os três anos em que esteve no poder, Morales tem mostrado sua intenção de integrar os indígenas (que na Bolívia correspondem a metade da população) em uma sociedade que durante séculos os tratou como cidadãos de segunda ordem. No entanto, e a pesar dos indígenas terem conquistado muitos espaços na via pública, a realidade é que algumas da quase 40 etnias que coexistem na Bolívia, agonizam.

Uma vez mais a extrema-direita revanchista vê-se derrotada. Os seus planos secessionistas das terras mais ricas por ora foram derrotados, mas por certo não pararão. Os Bolivianos não podem baixar a guarda. Os "exemplos" mais a norte assim o aconselham.

Uma nota positiva das eleições foi a transparência do processo, avalizada pelos observadores internacionais que cobriram todo o país. A Organização dos Estados Americanos (OEA), com o colombiano Horácio Serpa à frente, qualificou a jornada como "um dia de participação massiva, alegre, pacífica e cívica, o que dá a este processo uma especial legitimidade democrática".

A introdução do censo biométrico que controla os eleitores não só pelo seu documento de identidade mas também pela impressão digital e também pela fotografia era, sem dúvida, um dos detalhes que mais interesse suscitou entre meios de comunicação de todo o mundo.

O chefe da missão de observadores enviada pela União Européia para as eleições gerais da Bolívia, José Antonio de Gabriel, destacou a “completa tranqüilidade” que se viveu durante a jornada de votação na qual praticamente não houve nenhum acidente.

José Antonio de Gabriel também elogiou a Corte Nacional Eleitoral do país andino. Segundo ele, o organismo eleitoral “fez muito bem o seu trabalho”. Na sua opinião, o padrão biométrico estreado este ano na Bolívia “estabelece muitas salvaguardas contra a fraude, já que utiliza fotos e as impressões digitais, de tal forma que é praticamente impossível que uma pessoa possa votar várias vezes”.

Gabriel, que recentemente capitaneou a missão em El Salvador, crê que na América Latina há “uma nova tendência para uma maior participação”, para além disso “uma nova sensibilidade por incluir todos os cidadãos nos processos de votação”. Representando mais uma bofetada de luva branca naqueles que se recusam a que estabeleça a democracia na América Latina.

Muitos são os desafios que acompanharão este segundo mandato com mais poderes, principalmente desenvolver o país e melhorar as condições sociais da segunda população mais pobre da América Latina.

Mas, acreditamos que na Bolívia a revolução ali operada deixou de ser de

Evo Morales e passou a ser do povo boliviano.


O texto acima é uma adaptação minha ao texto de título “Depois do Tupamaro, o Índio” publicado no Blog Português “Salvo Conduto” http://salvoconduto.blogs.sapo.pt/ , com contribuição da cobertura jornalística feita pelos espanhóis do “Periodismo e Direitos Humanos” na Bolívia intitulada “La agonía de los otros indígenas bolivianos”, vide na íntegra em http://www.pmasdh.com/

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