18/06/2009

REPARAÇÃO HISTÓRICA

Não há dúvida de que a América Latina trilha novos caminhos na dignidade dos povos e exemplo disso foi a decisão da 39ª assembleia da OEA, Organização dos Estados Americanos, que decidiu anular a decisão de 1962 pela qual Cuba, por pressão dos Estados Unidos, tinha sido expulsa do seu seio. É a história a reescrever-se a si própria.

Independentemente da decisão de Cuba que já anunciou que não tenciona integrar a OEA, tal como é e funciona, não se poderá negar que há sinais de que algo esta mudando. A decisão foi anunciada no término da 39ª assembleia-geral da OEA, realizada na cidade de San Pedro Sula, norte das Honduras, pela voz da sua presidente, Patricia Rodas, chanceler de Honduras, ao declarar que "a resolução adoptada em 31 de Janeiro de 1962, que excluiu Cuba da Organização dos Estados Americanos, fica sem efeito" e que o retorno, de facto, do país à OEA é de livre escolha do governo cubano.

Patricia disse também que a anulação da medida está sustentada pela carta de fundação e por outros elementos de autodeterminação e de direitos humanos que orientam os países membros. Definiu a decisão como uma notícia fundamental e histórica e ressaltou que os povos latino-americanos mais não fazem do que recuperar a dignidade do povo cubano.

Já o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, disse que a OEA fez uma "reparação histórica". "Esta foi uma decisão tomada pelo mérito de nossos chanceleres. Uma decisão tomada por consenso, o que era mais difícil. A OEA está a fazer uma rectificação histórica, que mostra a força do diálogo e das ideias invencíveis. Estamos começando uma nova era de fraternidade e tolerância".

Zelaya ressaltou ainda que "todo o país tem o direito de escolher seu próprio sistema político, económico e social. Isso foi o que o povo cubano fez há mais de quatro décadas, e hoje, depois de bloqueios e ingerências, a OEA faz uma sábia reparação, a Guerra Fria terminou aqui, em San Pedro Sula."

Como não podia deixar de ser os Estados Unidos exigem que a readmissão de Cuba se dê apenas mediante a adequação do regime de Havana aos "princípios democráticos da OEA". Passados estes anos todos e apesar das transformações operadas naquela região Washington não desiste de tentar impor o seu modelo, esquecendo-se que a sua coutada emagreceu, e muito. Esquece-se igualmente que em matéria de direitos humanos será certamente um dos últimos países a poder impor condições.

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