Pé com Pé
Um blog feito de História(s): Com Política Internacional, Economia, Literatura, Cultura, Música... dentre outras cositas más!
29/11/2013
13/09/2013
04/09/2013
Das lutas de rua no Rio em 68, que nos resta... ♥
Foto de Evandro Teixeira - Passeata dos 100 mil |
DIANTE DAS FOTOS DE EVANDRO TEIXEIRA
A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo, sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das imagens.
Fotografia-é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando,
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência,
cristal do tempo no papel.
Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta,
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como exorcizar?
Marcas de enchente e de despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York,
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo,
viajas, surpreendes, testemunhas
a tormentosa vida do homem
e a esperança de brotar das cinzas.
Carlos Drummond de Andrade
A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo, sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das imagens.
Fotografia-é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando,
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência,
cristal do tempo no papel.
Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta,
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como exorcizar?
Marcas de enchente e de despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York,
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo,
viajas, surpreendes, testemunhas
a tormentosa vida do homem
e a esperança de brotar das cinzas.
30/08/2013
"A verdadeira transformação esta ocorrendo na mentalidade das pessoas. Se as pessoas pensam de outra maneira, se compartilham sua indignação e acalentam a esperança de mudança, a sociedade acabará mudando de acordo com seus desejos."
Manuel Castells, Redes de Indignação e esperança
01/07/2013
Manuel Castells: ‘O povo não vai se cansar de protestar’
Para o sociólogo catalão Manuel Castells, boa parte dos políticos é de
“burocratas preguiçosos”. Ele é um dos pensadores mais influentes do mundo, com
suas análises sobre os efeitos da tecnologia na economia, na cultura e,
principalmente, no ativismo. Conhecido por sua língua afiada, o espanhol falou
ao GLOBO por e-mail sobre os protestos.
Os protestos no Brasil não tinham líderes. Isso é
uma qualidade ou um defeito?
Claro que é uma qualidade. Não há cabeças para serem cortadas. Assim, as
redes se espalham e alcançam novos espaços na internet e nas ruas. Não se
trata, apenas, de redes na internet, mas redes presenciais.
Como conseguir interlocução com as instituições sem
líderes?
Eles apresentam suas demandas no espaço público, e cabe às instituições
estabelecer o diálogo. Uma comissão pode até ser eleita para encontrar o
presidente, mas não líderes.
Como explicar os protestos?
É um movimento contra a corrupção e a arrogância dos políticos, em
defesa da dignidade e dos direitos humanos — aí incluído o transporte. Os
movimentos recentes colocam a dignidade e a democracia como meta, mais do que o
combate à pobreza. É um protesto democrático e moral, como a maioria dos outros
recentes.
Por que o senhor disse que os protestos brasileiros
são um “ponto de inflexão”?
É a primeira vez que os brasileiros se manifestam fora dos canais
tradicionais, como partidos e sindicatos. As pessoas cobram soberania política.
É um movimento contra o monopólio do poder por parte de partidos altamente
burocratizados. É, ainda, uma manifestação contra o crescimento econômico que
não cuida da qualidade de vida nas cidades. No caso, o tema foi o transporte.
Eles são contra a ideia do crescimento pelo crescimento, o mantra do
neodesenvolvimentismo da América Latina, seja de direita, seja de esquerda.
Como o Brasil costuma criar tendências, estamos em um ponto de inflexão não só
para ele e o continente. A ideologia do crescimento, como solução para os problemas
sociais, foi desmistificada.
O que costuma mover esses protestos?
O ultraje, causado pela desatenção dos políticos e burocratas do governo
pelos problemas e desejos de seus cidadãos, que os elegem e pagam seus
salários. O principal é que milhares de cidadãos se sentem fortalecidos agora.
O senhor acha que eles podem ter sucesso sem uma
pauta bem definida de pedidos?
Acho inacreditável. Além de passarem por uma série de problemas urbanos,
ainda se exige que eles façam o trabalho de profissional que deveria ser dos
burocratas preguiçosos responsáveis pela bagunça nos serviços. Os cidadãos só
apontam os problemas. Resolvê-los é trabalho para os políticos e técnicos pagos
por eles para fazê-lo.
Com organização horizontal, esse movimento pode
durar?
Vai durar para sempre na internet e na mente da população. E continuará
nas ruas até que exigências sejam satisfeitas, enquanto os políticos tentarem
ignorar o movimento, na esperança que o povo se canse. Ele não vai se cansar.
No máximo, vai mudar a forma de protestar.
Outra característica dos protestos eram bandeiras à
esquerda e à direita do espectro político. Como isso é possível?
O espaço público reúne a sociedade em sua diversidade. A direita, a
esquerda, os malucos, os sonhadores, os realistas, os ativistas, os piadistas,
os revoltados — todo mundo. Anormal seriam legiões em ordem, organizadas por
uma única bandeira e lideradas por burocratas partidários. É o caos criativo,
não a ordem preestabelecida.
Há uma crise da democracia representativa?
Claro que há. A maior parte dos cidadãos do mundo não se sente
representada por seu governo e parlamento. Partidos são universalmente
desprezados pela maioria das pessoas. A culpa é dos políticos. Eles acreditam
que seus cargos lhes pertencem, esquecendo que são pagos pelo povo. Boa parte,
ainda que não a maioria, é corrupta, e as campanhas costumam ser financiadas
ilegalmente no mundo inteiro. Democracia não é só votar de quatro em quatro
anos nas bases de uma lei eleitoral trapaceira. As eleições viraram um mercado
político, e o espaço público só é usado para debate nelas. O desejo de
participação não é bem-vindo, e as redes sociais são vistas com desconfiança
pelo establishment político.
O senhor vê algo em comum entre os protestos no
Brasil e na Turquia?
Sim, a deterioração da qualidade de vida urbana sob o crescimento
econômico irres
trito, que não dá atenção à vida dos cidadãos. Especuladores
imobiliários e burocratas, normalmente corruptos, são os inimigos nos dois
casos.
Protestos convocados pela internet nunca tinham
reunido tantas pessoas no Brasil. Qual a diferença entre a convocação que
funciona e a que não tem sucesso?
O meio não é a mensagem. Tudo depende do impacto que uma mensagem tem na
consciência de muitas pessoas. As mídias sociais só permitem a distribuição
viral de qualquer mensagem e o acompanhamento da ação coletiva.
Originalmente publicado em O GLOBO
28/06/2013
Levante da multidão
Os protestos parecem inventar novas formas de luta. O poder constituinte está aí e, neste aqui e agora, se apresenta como incontornável, mas também vulnerável a aventuras reacionárias.
Os acontecimentos dos últimos dias, no Brasil, surpreenderam todos, em todos os horizontes políticos, internos e externos. O Brasil parecia o país sul-americano mais estável e, de repente, "a terra entrou em transe". Independentemente dos desdobramentos futuros, a multidão mostrou sua potência. À direita e à esquerda se disse, com escândalo, que o movimento não tem "organicidade", nem "linha", nem "lideranças". Até a esquerda dita radical teve de constatar que não há bandeiras abstratas que possam ser impostas, "de fora para dentro", ao magma que se constitui a partir "de baixo". "Como isso é possível? Como ousam?" Mas o movimento continua, passou a ser difuso, acelerando seus ritmos: nos centros e periferias, nas grandes e pequenas cidades, nas favelas e no asfalto, multiplicando as reivindicações.
Os protestos parecem inventar novas formas de luta. O poder constituinte está aí e, neste aqui e agora, se apresenta como incontornável, mas também vulnerável a aventuras reacionárias. Como organizar o pensamento diante dessa aceleração do tempo e dessa inovação radical? Como aproveitar as aberturas e evitar ou combater as ameaças?
Voltemos um pouco atrás. Em 2005 lançamos dois livros no Brasil: "Multidão" e "GlobAL". Em "Multidão" dizíamos que o trabalho passava a ser explorado fora das fábricas, sem passar pela relação salarial. Se isso implica perda de direitos pela maior fragmentação e precariedade da relação salarial, ao mesmo tempo só pode funcionar se a autonomia do trabalho aumenta e se produz e reproduz dentro e pelas redes. Ou seja, por um lado, o capital desconstrói a classe trabalhadora em um sem-número de fragmentos; pelo outro, por trás dos fragmentos, há singularidades que podem cooperar entre si e perseverar como tais.
No capitalismo contemporâneo, a exploração é exatamente o fato dos agenciamentos subjetivos dos desejos (cognitivos, culturais, institucionais, empresariais) fixarem os "fragmentos" sem se abrir às modulações das singularidades. A multidão da qual falamos não se confunde com a definição sociológica e determinista do devir "líquido" da sociedade pós-moderna. Ao contrário, a multidão é um conceito, político e ontológico, de classe: a classe que se constitui nessa cooperação entre singularidades. Só há multidão quando ela se faz a si mesma, como ocorre neste momento no Brasil. É o contrário da massa dos fragmentos que mídia e direita querem fundir ao entoar o Hino Nacional.
Já em "GlobAL" saudávamos a chegada dos novos governos na América do Sul (sem dedicar uma palavra à Venezuela) e, ao mesmo tempo, dizíamos que eles deveriam ter dois cuidados: primeiro, não cair na ilusão de que haveria novo modelo a ser implementado; segundo, que as oscilações entre inflação dos juros e aquelas dos preços são apenas as duas faces da falta de democracia e essa depende das dimensões biopolíticas das lutas: as lutas pela vida e da vida dos pobres, que persistem diante do terror que o Estado impõe às favelas e às periferias. O livro passou despercebido. Os intelectuais críticos ao governo teorizavam o "Estado de exceção" e aqueles próximos do PT preferiam ver em Lula a incrível reencarnação de Vargas. Depois da crise global, o governo entrou nessa de achar que o desenvolvimentismo era o novo (sic) modelo.
Foi bem no meio dessa festa VIP que a terra tremeu. À direita, o governador de São Paulo usou a violência sem máscaras da polícia. À esquerda, o ministro da Justiça se propôs a mandar mais polícia ainda e bater mais. Quando tiveram que recuar, direita e esquerda apareceram juntas, com a diferença da cor das gravatas, para dizer que a redução do preço das passagens acarretaria o corte de outros gastos sociais. À direita e à esquerda se jogou lenha na fogueira da crise da representação, continuou-se a pensar a política do estranho ponto de vista do fisiologismo e da tecnocracia.
Desde segunda-feira, a elite e sua mídia corporativa trocaram o alvo de suas armas e passaram a usar seu poder concentrado (antidemocrático) para tentar manipular a comoção nacional num sentido reacionário. Pudemos ouvir, na quinta-feira (dia 20) em meio à repressão de milhares de manifestantes, a ideia de usar o Congresso para aplicar ao Brasil o golpe institucional já desfechado em Honduras e no Paraguai. Mas a presidente começou a reagir, embora de maneira tardia e tímida, propondo um plebiscito e uma "constituinte".
Acontece que a teoria do poder constituinte e sua realidade (aquela que está abertamente nas ruas do Brasil inteiro) é uma teoria da democracia radical. Não é contra a representação, mas contra a separação dessa de sua fonte: a soberania popular. A corrupção está ali, nessa separação dos meios e dos fins, e quem se aproveita dela são aqueles que concentram os meios econômicos e a mídia, inclusive quando a condenam, de maneira moralista, apenas para aumentá-la em seu favor.
Avaliamos positivamente, em seu conjunto, as iniciativas de Dilma, mas pensamos que a solução não passa nem por um plebiscito nem pela convocação de pactos com supostos representantes dos movimentos (aliás, sempre os mesmos "patrocinados"). O desafio é abrir um verdadeiro "processo constituinte", ou seja, abrir a pólis à participação efetiva do "demos", nas ruas e além - mesmo que confusa em um primeiro momento - para unir mobilização e invenção de novas institucionalidades, de novas caras. Se o governo e o PT acharem que poderão evitar essa abertura pela mobilização de supostos representantes de casas e circuitos, repetirão o mesmo erro que fez Haddad quando acreditava que existia amor em São Paulo. O poder constituinte não é nada sem a multidão que o faz viver.
Por Adriano Pilatti, Antonio Negri e Giuseppe Cocco | Para o Valor
Adriano Pilatti é professor de direito constitucional da PUC-Rio; Antonio Negri é filósofo e Giuseppe Cocco é professor de teoria política da UFRJ
18/06/2013
Divulgadas pré-estreias comentadas de Hannah Arendt no Rio de Janeiro
Comemorando os 50 anos do livro Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt, foram programadas uma série de sessões comentadas do longa inédito Hannah Arendt, de Margarethe von Trotta, no Rio de Janeiro. Previsto para entrar em cartaz no dia 28 de junho no Rio de Janeiro e em São Paulo, Hannah Arendt pretende ser o retrato de uma mulher genial que chocou o mundo com a descoberta da “banalidade do mal”. Depois de ter acompanhado por quatro anos o julgamento do nazista Adolf Eichmann, Arendt ousou escrever sobre o Holocausto de forma nunca dantes feita, provocando um verdadeiro escândalo. A proposta do filme é estimular uma reflexão profunda sobre a importância desta mulher complexa e corajosa, interpretada por Barbara Sukowa, vencedora do prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes por Rosa Luxemburgo (1986) e no Festival de Veneza por Os Anos de Chumbo (1981).
A primeira pré-estreia aconteceu hoje, dia 17 de junho, no Midrash Centro Cultural, com o cientista político Renato Lessa. O próximo encontro será às 19h30 do dia 25 de junho, no Estação Rio, com o filósofo Eduardo Jardim. Por fim, a última sessão será às 18h30 do dia 06 de julho, no Instituto Moreira Salles, com o historiador Luís Edmundo Moraes. Todos os debates possuem mediação de Michel Guerman, e contarão com sorteios de livros sobre essa que foi uma das maiores pensadoras do Século XX. Mais informações estão disponíveis através do emailformigas@uol.com.br.
(Fonte: Filmes do Estação)
31/03/2013
A Ditadura e o nosso Fado Tropical
Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis*, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E SE A SENTENÇA SE ANUNCIA BRUTA
MAIS QUE DEPRESSA A MÃO CEGA EXECUTA
Pois que senão o coração perdoa"
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
*trecho censurado pelos militares
03/03/2013
As Reconstrucionistas
Escritora e ilustradora se reúnem em projeto que celebra a força de grandes mulheres
O site The Reconstructionists é o meio que a escritora búlgara Maria Popova e ilustradora estadunidense Lisa Congdon
criaram para celebrar mulheres notáveis nas artes ou ciências, famosas
ou não, mas que de alguma forma influenciaram e mudaram seus cenários.
A dupla, que em comum tem a admiração por uma coleção
de figuras femininas, quer em todas as segundas-feiras de 2013 publicar
sua homenagem a uma delas. Lisa ilustra os retratos, feitos com lápis
grafite, canetas coloridas e giz; Maria escreve sobre as heroínas e
dedica textos delicados e apaixonados sobre a história e contribuição de
cada uma.
O cuidado de Lisa e Marina é de que a sua maneira,
cada personagem seja notória não pela grandeza de seus feitos, mas que
sejam lembradas mesmo por pequenos gestos, ou simplesmente por serem
grandes mulheres em seus pequenos mundos. Até então, as escritoras Anaïs
Nin e Gertrude Stein, as artista Agnes Martin e Frida Kahloe, e a atriz
e inventora Hedy Lamarr são algumas das retratadas.
Em um texto em seu blog pessoal, Maria apresenta o
projeto e conta que ele empresta seu título de Anaïs Nin, quando essa
escreveu sobre "O papel da mulher na reconstrução do mundo", em um
diário poético de 1944. Por causa do texto, lembra de ter percebido "um
sentimento que encapsulou o coração. Li sobre mulheres que têm
reconstruído, de maneiras grandes e pequenas, famosas e infames,
atemporais e oportunas, o nosso entendimento de nós mesmos, do mundo e
nosso lugar nele."
Vai lá: thereconstructionists.org
Originalmente publicado por TPM
06/01/2013
12/12/2012
Quando o futebol e a política se misturam
Quando a Fifa resolveu admitir e tomar para si a existência de um
Mundial de Clubes, houve aquela abertura ampla, geral e quase irrestrita
que só as entidades que precisam AZEITAR a máquina política em diversas
frentes sabem fazer. “Onde a Arena for mal, um time no Nacional”, já
dizia o nefasto lema. E passaram a frequentar as televisões brasileiras
nos finais de ano esquadrões vestindo camisas estranhas, com nomes
esdrúxulos e jogadores idem. Todos com alguma história, claro, mas quase
nunca uma história digna de ser registrada em ata.
O Mundial de 2012, como raros outros, soa em outro tom. Deixemos o
Corinthians e sua imensa e gloriosa história para outros que aqui
escrevem, como o Odil David, e vamos ao que alguém precisa dizer nessas
horas pré-jogo: o Al-Ahly faz um CLÁSSICO INTERNACIONAL com o Timão.
“Enlouqueceram”, dirão os leitores. Há muito tempo, responderemos nós. Mas, dessa vez, falamos sério. Vamos à VACA FRIA:
A história recente do Al-Ahly é de arrepiar os cabelos do defunto
mais indiferente. Nos últimos dois anos, a torcida do clube foi parte
FULCRAL do processo que levou à derrubada do ditador egípcio Hosni
Mubarak, parte das mais relevantes da dita Primavera Árabe. A hinchada
ahlynesca, os “Ultras Ahlawy”, protagonizava cenas como essa na Praça
Tahrir durante o inesquecível ano de 2011.
Mas a parte mais dramática da história do Al Ahly veio depois da
queda do canalha. Em Port Said, 74 torcedores foram massacrados no que
primeiro foi tratado como uma briga de torcida em uma partida contra o
Al-Masry. Pouco depois, soube-se que o ataque, ainda no estádio, foi
orquestrado por apoiadores do ex-ditador em retaliação à posição
política dos torcedores do time da capital.
“Isso não é futebol. Isso é uma guerra, e ninguém faz nada. As
pessoas estão morrendo na nossa frente, sem segurança, sem ambulâncias”,
disse Mohamed Aboutrika na ocasião da tragédia.
“Não tinha ninguém para nos proteger. Mas a culpa é nossa, pois fomos a
campo jogar a partida. As autoridades só pensam em dinheiro”, disse outro ídolo local, Mohamed Barakat.
Milhares foram receber os mortos e o restante da delegação na estação de trem do Cairo. Protestos se espalharam pela cidade.
Na ocasião, Mohamed Aboutrika, o maior ídolo do time, disse que abandonaria o futebol profissional. Aboutrika tem 34 anos e joga no Nacional – significado de Al-Ahly em
egípcio – desde 2004. Tem quase 400 jogos com a camisa do clube e mais
de 100 gols. Disputou todos os quatro mundiais da história do clube,
incluindo este e o de 2006, quando seu time deu um sufoco daqueles
no Internacional. É graduado em filosofia pela Universidade do Cairo.
Tomou outras atitudes políticas na sua carreira: em 2008, pela Copa
Africana das Nações, levantou uma camisa
em apoio à luta na Faixa de Gaza e levou cartão amarelo.
Mesmo após a
punição, não ficou calado: disse que estava preocupado com o sofrimento e
o cerco de Gaza e, principalmente, com as crianças que lá vivem.
Aboutrika tornou-se um ídolo na Palestina desde então, e comentaristas
árabes afirmaram que o cartão amarelo foi uma punição “honrosa”.
Depois do massacre de Port Saïd, a liga egípcia foi suspensa pela
Fifa por sete meses. O Egito jogou o torneio olímpico de futebol seis
meses depois, com Aboutrika entre os atletas, marcando inclusive um gol contra o Brasil.
Em setembro, porém, a Federação Egípcia retomou as atividades e agendou
a disputa da Supercopa local contra o ENPPI para o dia 9. O Al-Ahly
tinha muitas dificuldades em treinar, devido à hostilidade dos
apoiadores de Mubarak, e seus torcedores avisaram que não iriam à
partida em protesto contra a falta de atitude da Liga Egípcia em relação
ao massacre e ao fato de que ninguém foi punido pela morte dos 74.
Aboutrika uniu-se aos torcedores. “Eu não quero esquecer. As pessoas
que morreram na minha frente estão sempre na minha memória. Elas nos dão
uma enorme motivação para honrá-las e dar a elas tudo o que temos.”
Estava decidido a continuar sem jogar futebol profissional na Liga
enquanto não houvesse justiça.
Porém, pouco depois revogou a sua
auto-suspensão. “Nossa meta, a mais importante delas, é dar alegria ao
povo egípcio, principalmente às famílias daqueles que morreram. Queremos
levar-lhes um pouco de felicidade, qualquer uma. Um sorriso que seja”,
disse ele ao site da Fifa.
O campeonato egípcio nunca mais foi jogado desde o massacre. Mesmo
assim, o Al-Ahly foi campeão africano, jogando todas as suas partidas com torcida restrita. Na final o Al-Ahly venceu o Esperánce Túnis, na Tunísia, com o estádio pela metade por medo da violência. O Nacional egípcio venceu por 2-1 para sagrar-se campeão africano.
Assim, tomem nota: Corinthians x Al-Ahly é um clássico. Aliás, um BAITA clássico. Eis a verdade.
Repercutam.
Fonte: http://impedimento.org/2012/12/11/corinthians-x-al-ahly-um-classico-mundial/
Repercutam.
Fonte: http://impedimento.org/2012/12/11/corinthians-x-al-ahly-um-classico-mundial/
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Quando o futebol e a política se misturam
08/11/2012
Manifesto Comunista
Comunismo nova-escola
Espanhol cria ilustrações modernas para nova edição do Manifesto Comunista
Nesta quarta, dia 7, comemora-se o 95º
aniversário da Revolução Bolchevique de 1917, a primeira revolta armada a
instituir ideias comunistas em um governo nacional no século XX.
Liderada por Vladimir Lenin, a revolução tomou o Palácio de Inverno de
Petrogrado e começou um longo ciclo de batalhas civis que só iria acabar
em 1921, com a vitória dos Bolcheviques e a instalação do governo
socialista na União Soviética em dezembro de 1922.
No mês em que a maior revolução popular de todo o século XX eclodiu, uma nova edição espanhola do Manifesto Comunista, a bíblia da luta bolchevique na década de 10, chega às livrarias do país com ilustrações brilhantes do também espanhol Fernando Vicente Sanchez.
Publicada pela Nórdica Libros, a nova tradução do livro de Karl Marx e
Friederich Engels saiu no final de outubro com 136 páginas em duas
versões: para leitores digitais ou em brochura.
O Manifesto foi publicado em Londres no ano de 1848. Usando
frases curtas e citáveis, os dois autores alemães estabeleceram a teoria
para o Marxismo, analisando as profundas mudanças sociais causadas na
Europa pela primeira revolução industrial e introduzindo conceitos
centrais para o estudo de economia moderna como a luta de classes,
mais-valia, materialismo histórico e questões ideológicas pertinentes
mais de 160 anos após sua publicação.
Na galeria você vê as ilustrações de Vicente Sanchez para a nova edição espanhola do Manifesto Comunista (à venda na Amazon).
Livro:
El manifiesto comunista (O Manifesto Comunista)
Autores: Karl Marx e Friederich Engels
Ilustrações: Fernando Vicente Sanchez
136 Páginas
Preço: R$ 8 (versão digital)
Editora: Nórdica Libros
Link de venda: www.amazon.com
Autores: Karl Marx e Friederich Engels
Ilustrações: Fernando Vicente Sanchez
136 Páginas
Preço: R$ 8 (versão digital)
Editora: Nórdica Libros
Link de venda: www.amazon.com
Fonte:
http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/notas/comunismo-nova-escola.html#7
04/11/2012
12/10/2012
Cidade cubana recupera trajetória de Che durante a revolução
Cidade cubana recupera trajetória de Che durante a revolução.
Essa é Santa Clara, uma cidadedizinha que respira história e celebra os feitos do Comandante.
A foto é escultura representado Che deixando a cidade, toda ela é cheia de crianças saindo do bolso, de baixo do braço, penduradas no cadarço da bota, no cinto... El Che de los Niños!
Santa Clara tem diversas homenagens ao guerrilheiro, morto há 45 anos na Bolívia
Com a estridente buzina que alerta a aproximação do trem, a ferrovia cubana destruída em dezembro de 1958 se mantém ativa. Cheio de passageiros, o trem que conecta o leste de Cuba a Havana cumpre seu trajeto revivendo a história ao passar pelo museu a céu aberto ¨Ação contra o trem blindado¨, em Santa Clara, cidade localizada a 270 km da capital.
Quatro vagões que descarrilharam e foram atacados a tiros pelos revolucionários liderados por Ernesto Che Guevara estão expostos em uma praça construída no local do confronto, que resultou na rendição dos soldados do ditador Fulgencio Batista. Dentro de cada um, a história do evento que marcou a vida dos habitantes de Santa Clara está contada.
Em um deles, uma carta intitulada ¨Ao Povo de Santa Clara¨ avisava aos moradores que o exército rebelde já se encontrava na cidade, ¨um dos últimos redutos da tirania¨ na província. Segundo o documento, as forças revolucionárias já ocupavam a maior parte da cidade. ¨Acreditamos que dentro de breves horas poderemos anunciar aos locais e ao povo de Cuba que Santa Clara já é cidade livre¨.
¨Mas o ânimo da vitória, a satisfação e a alegria acumulada através de quase sete anos de terror não devem se desbordar em manifestações populares, já que o exército da tirania ainda ocupa posições dentro da cidade, posições das quais em breve serão desalojados¨, diz um trecho da carta, assinada pela seção provincial de propaganda do movimento revolucionário 26 de Julho.
Entre as orientações transmitidas no documento estavam a de que a população saísse de casa somente em caso de urgência, a evacuação de famílias que morassem perto de regiões conflitivas, e a prestação do maior apoio possível aos membros do exército rebelde e a organizações revolucionárias clandestinas.
¨As cartas eram impressas precariamente nas montanhas e repassadas clandestinamente aos moradores. Um lia e passava para o outro, e assim a informação ia sendo transmitida¨, explicou aoOpera Mundi Eneida López Peralta, responsável de Relações Internacionais do Partido Comunista Cubano (PCC) da província de Villa Clara, localizada no setor que, na época da revolução, era denominado Las Villas.
Aldo Jofre Osorio/Opera Mundi
Imagem do museu do trem blindado, na cidade de Santa Clara, em Cuba
No museu, também está exposto um dos tratores utilizados para a deformação dos trilhos que, levantados, provocaram o descarrilamento do trem e, depois de hora e meia de combate, a subida da bandeira branca da rendição dos militares.
Todos os moradores da cidade têm lembranças ou relatos para contar sobre os confrontos na região naquele ano. Os mais velhos recordam momentos de tensão constante pelos bombardeiros indiscriminados do exército, em uma vã tentativa de sufocar a guerrilha. E contam como a população se uniu o Che e seus combatentes, atirando coquetéis molotov em cima e embaixo dos vagões, já que suas paredes foram previamente blindadas com chapas de metal e areia.
¨Não escutei uma grande explosão quando o trem descarrilhou, mas sim muitos tiros. Lembro de ter me escondido embaixo da cama¨, conta o aposentado santaclarenho José Socarrán, que tinha 15 anos na época do confronto, ocorrido a apenas alguns metros de sua casa.
Os mais jovens, por sua vez, reproduzem com detalhes as histórias que escutam desde pequenos, sobre a importância da cidade para o triunfo da revolução. Batista renunciaria e fugiria rumo à República Dominicana dias depois do ataque, que impediu o transporte das de armas pesadas e munições destinadas a fortalecer suas tropas, já debilitadas.
Mausoléu e homenagens
Auto-denominada ¨Cidade do Che¨, Santa Clara abriga o mausoléu do revolucionário argentino e de outros combatentes mortos na Bolívia. Os restos mortais de Che chegaram a Cuba em 1997, após anos de desconhecimento sobre sua localização no país andino.
Aldo Jofre Osorio/Opera Mundi
Che e Camilo Cienfuegos no museu da revolução, em Havana, em uma das homenagens ao argentino
A urna com os restos mortais foram expostos inicialmente em Havana e depois transladados a Santa Clara em uma carreata que passou por diferentes cidades do país. No dia da inauguração do mausoléu, o próprio Fidel Castro ascendeu a chama da imortalidade e fez um discurso em homenagem ao Che, lembra o museólogo do local, Faustino Moriano Morales.
Dispostas em uma espécie de cova inspirada na selva boliviana, com pouca iluminação, o mausoléu pode ser visitado por grupos reduzidos. O uso de câmeras fotográficas e filmadoras não são permitidas no recinto, localizado na parte traseira a uma alta estátua do guerrilheiro, e diversos painéis esculturais no qual seus dizeres e imagens em ação são retratados.
Em frente ao mausoléu, um museu narra a vida do guerrilheiro desde sua infância, com uma réplica de sua estátua quando criança, que também pode ser vista na cidade argentina de Alta Gracia, onde Che também viveu quando era jovem, e que hoje funciona como um museu.
Aldo Jofre Osorio/Opera Mundi
A poucos metros dali, uma escultura doada a Cuba pelo artista Casto Solano Marroyo está exposta no comitê provincial do PCC, que abrigou a segunda comandância das tropas rebeldes em Santa Clara. Repleta de mini-esculturas por todo o corpo e roupa, a obra é rica em expressões sobre a vida do revolucionário argentino.
A estátua de Che caminhando com uma criança nos braços simboliza a saída do guerrilheiro desta comandância em janeiro de 1959 para cumprir a nova missão designada a ele por Fidel Castro: ocupar Morro Cabaña, um forte localizado em Havana, que servia como uma poderosa unidade militar de Batista, e que hoje é mais um dos pontos que narram a história do revolucionário argentino em Cuba.
A poucos metros do complexo, está localizado o museu ¨Casa do Che¨, onde se exibe a urna na qual os restos mortais do guerrilheiro foram transportados até sua acomodação definitiva no mausoléu. Apesar do nome do espaço de exposição, o local não funcionou como a casa familiar do argentino, mas sim como ambiente de trabalho, com a convivência permanente dos integrantes de sua coluna rebelde.
O Museu da Revolução, instalado no lugar que funcionava como palácio presidencial até a renúncia de Batista, compila diversos retratos do revolucionário na luta rebelde. A exposição oferece uma narrativa da revolução cubana ilustrada por fotos, documentos, réplicas e elementos originais – como o barco Granma, exposto em um anexo no exterior do museu – da época.
Opera Mundi
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/24775/cidade+cubana+recupera+trajetoria+de+che+durante+a+revolucao.shtml
11/08/2012
Liberdade para as Pussy Riot
O julgamento das integrantes da banda russa está provocando uma
onda de protestos por todo o mundo,
O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador do Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Muitas de suas charges podem ser encontradas no http://latuffcartoons.wordpress.com/
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